Será o final de ano? Será o retorno de Saturno? Não, ainda falta muito para eu completar 29. Quem sabe seja o vento. Quase certo que é aquela nuvem, prevendo temporal. Ou até pensamentos ruins, que iminentes chegam e ficam. Pode ser o feng shui que está errado. Independentemente disso, só sei que a coisa ‘tá braba’. O azar grudou na minha havaiana que nem chiclete, que quanto mais você tenta tirar, mais lambança faz. Há alguns dias os planetas andaram em discordância no meu signo. Minha casa, nem te conto, nem queira saber, transbordou de esgoto fétido e nojento. Lá, o colega Alemão Pléts, não poderia dizer a sua frase célebre: Não tem merda nenhuma aqui! Além disso, derrubei café na minha mesa; tive que refazer uma matéria no fim do dia por causa da porra da carroça Windows 98 que eu trabalho; peguei o busão errado para ir pra aula teórica da carteira; desci logo na esquina; corri; quase perdi o ônibus certo.
É incrível como os problemas nos afetam fisicamente. Dá pra notar nitidamente quando tem alguma coisa errada, quando mais cabelos se acumulam no chão do meu cortiço. E não há Leite de Colônia e nem Seda Citrus para tirar a oleosidade da pele e dos cabelos.
Hoje (9), três entraves para a minha sanidade mental foram solucionados. Não tem mais merda nenhuma aqui!, fiz a prova – tosca - teórica da carteira, uma vez que aquelas aulas já haviam consumido demais a minha energia, o meu tempo e o meu saco, e consegui cancelar uma conta corrente de uma agência, em outra. Fantástico, fabuloso, fascinante. É tanta palavra com ‘f’, que me faz pensar e outra – folga. Amanhã (10) é sexta-feira, mas como confirmou o cara - com o cacoete estranho de erguer as sobrancelhas em um movimento sinuoso a cada segundo - que me atendeu no banco hoje, o pior é que depois de dois dias já é segunda-feira.
Enquanto a sexta não chega vou fazer uma sesta; enquanto posso ter um pingo miserável de tranquilidade ouço meus LPs, que enchem a vila do Chaves de seus ruídos macios; enquanto não estou trabalhando no ‘plantão lindo da Dinda’, escrevo; enquanto posso vou levando, pois cansaço pouco é bobagem.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Solitude
11-10-10
Alguém me examine, pois acho que estou enlouquecendo. Ultimamente tenho notado coisas estranhas no meu comportamento. Como alguém que gosta de fazer prognósticos, acredito estar com alguma doença crônica. Vivo constantemente impaciente. A solidão me afeta de uma forma avassaladora. Converso demasiadamente comigo mesma, como se estivesse falando com outra pessoa. E por mais espantoso que seja, há dias atrás, chorei vendo uma matéria de esporte, e espanto, não era de superação, era sobre a tabela do campeonato.
A única companhia que tenho, ao chegar ao meu novo lar, são as visinhas e a vida delas, que são um livro aberto. Escuto tudo o que se passa através das paredes da vila do Chaves. Sou acordada constantemente com a chegada da gangue da terceira idade, durante a madrugada. Sinto-me mais idosa que elas. Estou ficando ranzinza e rabugenta.
Cada vez que giro a chave do meu calabouço é a mesma decepção, pois ninguém me aguarda lá dentro. São só eu e as paredes brancas, além das tralhas que eu tropeço volta e meia. Sou tão só como Gepeto, mas infelizmente os meus bonecos não sabem falar ainda. Já ouço vozes me chamando durante a noite.
Hoje tive uma súbita ideia. Imaginem, pensei em adotar uma criança. Um cão já resolveria meus problemas, ao menos alguém ficaria feliz em me ver chegando em casa. Entretanto, quem enlouqueceria com a solidão seria o bicho e em um dia ele já haveria comido toda a minha mobilha. Então pensei em adotar, dar um lar e carinho a alguém tão sozinho quanto eu. Alguém que também esteja em busca de companhia. Infelizmente a burocracia iria esbarrar em nós, e desta forma, tanto eu quanto a criança dos meus sonhos, continuam a encarar a casa vazia.
Hoje já possuo minha cozinha, mas não faço terapia. É tão deprimente ficar com os dedos cheirando a alho, sem poder ver alguém saborear e dizer, mesmo que apenas por educação, que sua comida ficou boa e que você já pode casar. Tenho saudade do tempo em que a solução para todos os problemas era a dupla face (piada interna). Definitivamente não nasci para ser só. Nunca fui a líder da turminha no colégio, demorei para conquistar a amizade das primeiras pessoas e aprendi a ser mais espontânea. Gosto de chamar a atenção e de estar sempre rodeada. Necessito de alguém 24h por dia, para dar conta da minha matraca. Falo alto, para uma bela gringa e preciso de ouvidos pacienciosos. Insisto diariamente, mas minhas brancas paredes não respondem.
Mas, novamente o plantão lindo da dinda chegou ao fim, assim como as mega coberturas que me fizeram esquecer o que é domingo por uns 20 dias. Hoje (11), pulo a quase um metro do chão, pois cozinharei para alguém, sairei com companhias, e amanhã dormirei até a hora que minhas vizinhas permitirem.
Alguém me examine, pois acho que estou enlouquecendo. Ultimamente tenho notado coisas estranhas no meu comportamento. Como alguém que gosta de fazer prognósticos, acredito estar com alguma doença crônica. Vivo constantemente impaciente. A solidão me afeta de uma forma avassaladora. Converso demasiadamente comigo mesma, como se estivesse falando com outra pessoa. E por mais espantoso que seja, há dias atrás, chorei vendo uma matéria de esporte, e espanto, não era de superação, era sobre a tabela do campeonato.
A única companhia que tenho, ao chegar ao meu novo lar, são as visinhas e a vida delas, que são um livro aberto. Escuto tudo o que se passa através das paredes da vila do Chaves. Sou acordada constantemente com a chegada da gangue da terceira idade, durante a madrugada. Sinto-me mais idosa que elas. Estou ficando ranzinza e rabugenta.
Cada vez que giro a chave do meu calabouço é a mesma decepção, pois ninguém me aguarda lá dentro. São só eu e as paredes brancas, além das tralhas que eu tropeço volta e meia. Sou tão só como Gepeto, mas infelizmente os meus bonecos não sabem falar ainda. Já ouço vozes me chamando durante a noite.
Hoje tive uma súbita ideia. Imaginem, pensei em adotar uma criança. Um cão já resolveria meus problemas, ao menos alguém ficaria feliz em me ver chegando em casa. Entretanto, quem enlouqueceria com a solidão seria o bicho e em um dia ele já haveria comido toda a minha mobilha. Então pensei em adotar, dar um lar e carinho a alguém tão sozinho quanto eu. Alguém que também esteja em busca de companhia. Infelizmente a burocracia iria esbarrar em nós, e desta forma, tanto eu quanto a criança dos meus sonhos, continuam a encarar a casa vazia.
Hoje já possuo minha cozinha, mas não faço terapia. É tão deprimente ficar com os dedos cheirando a alho, sem poder ver alguém saborear e dizer, mesmo que apenas por educação, que sua comida ficou boa e que você já pode casar. Tenho saudade do tempo em que a solução para todos os problemas era a dupla face (piada interna). Definitivamente não nasci para ser só. Nunca fui a líder da turminha no colégio, demorei para conquistar a amizade das primeiras pessoas e aprendi a ser mais espontânea. Gosto de chamar a atenção e de estar sempre rodeada. Necessito de alguém 24h por dia, para dar conta da minha matraca. Falo alto, para uma bela gringa e preciso de ouvidos pacienciosos. Insisto diariamente, mas minhas brancas paredes não respondem.
Mas, novamente o plantão lindo da dinda chegou ao fim, assim como as mega coberturas que me fizeram esquecer o que é domingo por uns 20 dias. Hoje (11), pulo a quase um metro do chão, pois cozinharei para alguém, sairei com companhias, e amanhã dormirei até a hora que minhas vizinhas permitirem.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Meu primeiro dia chuvoso carazinhense
30/08/10 – 22h05min
Meu primeiro dia chuvoso não foi o primeiro dia de chuva. Mas foi o primeiro dia que a chuva carazinhense me molhou. Meu dia iniciou irritado, como vem iniciando ultimamente, variando entre irritação, solidão, tristeza. Agosto é o inferno astral do meu zodíaco, só pode. Atrasei-me no trabalho e no caminho as primeiras gotas da chuva foram celebradas por mim com entusiasmo. A seca, deve ser a seca que está me perturbando. A chuvinha era fraca, mas mesmo assim insisti em abrir meu guarda-chuva de luto e caminhei imponente, pois este era meu primeiro dia chuvoso carazinhense.
Há um mês vivo nesta cidade e já consigo me acostumar ao trânsito apressado. Diferentemente de Fredephalen Westerico, onde mal encostávamos o pé na faixa e os carros já estavam parados, nos esperando passar. O trem me acorda às vezes durante a noite, mas gosto do clima antigo que os trilhos trazem à cidade. Um dia quero caminhar sobre eles e a cena ficará preto e branco e um blues virá de um lugar distante.
Hoje já não tenho medo de voltar para casa à noite sozinha. As ruas já sabem os acordes que meus passos vagarosos fazem enquanto tropeço. E cheguei a uma conclusão. Realmente o plantão acaba com a vida do ser humano. Hoje é meu primeiro dia chuvoso carazinhense e o último dia do meu plantão. E é por isso que estou aqui, escrevendo, pois se não estaria telefonando para cerca de 11 números, entre polícia, bombeiros, etc., e ouvindo um: ‘não, hoje ta tudo calmo, sem nenhuma ocorrência. Boa noite e bom trabalho’.
Ando aprendendo diversas coisas sobre a vida e sobre mim mesma também. Que os repórteres devem andar conforme a banda dos anúncios vendidos toca. E que no começo se escreve muita matéria sobre aquela empresa que faz caridade pensando na promoção diante a sociedade. Confesso, essa semana que passou cheguei a pensar que havia feito a escolha errada sobre a profissão. Conforme se escuta pelos corredores, a culpa é sempre da redação. Cheguei a pensar que deveria ter sonhado em ser escritora. Mas o plantão ‘lindo da dinda’ acabou e até inspiração e tempo para escrever me sobra agora.
Ontem me peguei olhando mais uma vez para a seleção de fotos da faculdade. Mesmo sendo a melhor época da minha vida, os quatro anos vividos na longínqua Fredephalen, cogitei a possibilidade de que deveria ter vivido-os mais intensamente. Senti muita falta dentro de mim de tanta coisa que fazíamos. Queria vivê-los novamente. Queria acordar tarde, almoçar PL na praça preparado caprichosamente nos latões de lixo, depois dar uma sesteada e acordar a tempo de assistir Sinhá Moça. De tardinha um mate na praça ou bergamotas na calçada da baixada. Logo depois, um joguinho e polar no Fréo. Pra fechar com chave de ouro uma rodada de truco e de mímica na praça novamente, regada a Ninoff é claro. Queria poder viver naquele tempo para sempre. O povoado ficou para trás. Mas, para que nunca mais se esqueçam das ‘loucas da cidade’ penduramos agora, nas paredes que ajudamos a construir, um quadro de memórias, que só os puros de coração conseguem decifrar. Por que entre os corações que tatuarei, de vocês jamais esquecerei.
Mas, peço-lhes a permissão para agora abrir um parêntese.
(Eis que o grande dia deu-se por concretizado. O chapéu tocou o teto, o brinde tilintou e a valsa rodopiou. Graduados somos. ‘Com uma ajudinha dos nossos amigos’ entramos relis rebeldes e saímos renomados pioneiros. Não consegui emocionar-me. Estava tão absorta que nem minha trilha sonora consegui ouvir. Foi tudo tão, tão, tão surreal. Não era comigo. Mas era. E querendo ou não o dia de São Pega já estava logo ali. A segunda chegou e tudo ficou guardado na fotografia, junto com os laços invisíveis que havia. Sempre que posso agora dou uma espiadela no baú para soluçar a vida que soubemos viver.)
Mas meu primeiro dia chuvoso carazinhense chegou ao fim e não caía chuva nesse momento. O vento soprava dando boas vindas e fazendo os braços cruzarem-se desprevenidos. As ruas ouviram mais uma vez o soar do meu solado e com um graveto entre os dentes, fui recebida. ‘Feche os olhos para dormir, de um dia tão trabalhoso. Amanhã você vai trabalhar de novo’.
Meu primeiro dia chuvoso não foi o primeiro dia de chuva. Mas foi o primeiro dia que a chuva carazinhense me molhou. Meu dia iniciou irritado, como vem iniciando ultimamente, variando entre irritação, solidão, tristeza. Agosto é o inferno astral do meu zodíaco, só pode. Atrasei-me no trabalho e no caminho as primeiras gotas da chuva foram celebradas por mim com entusiasmo. A seca, deve ser a seca que está me perturbando. A chuvinha era fraca, mas mesmo assim insisti em abrir meu guarda-chuva de luto e caminhei imponente, pois este era meu primeiro dia chuvoso carazinhense.
Há um mês vivo nesta cidade e já consigo me acostumar ao trânsito apressado. Diferentemente de Fredephalen Westerico, onde mal encostávamos o pé na faixa e os carros já estavam parados, nos esperando passar. O trem me acorda às vezes durante a noite, mas gosto do clima antigo que os trilhos trazem à cidade. Um dia quero caminhar sobre eles e a cena ficará preto e branco e um blues virá de um lugar distante.
Hoje já não tenho medo de voltar para casa à noite sozinha. As ruas já sabem os acordes que meus passos vagarosos fazem enquanto tropeço. E cheguei a uma conclusão. Realmente o plantão acaba com a vida do ser humano. Hoje é meu primeiro dia chuvoso carazinhense e o último dia do meu plantão. E é por isso que estou aqui, escrevendo, pois se não estaria telefonando para cerca de 11 números, entre polícia, bombeiros, etc., e ouvindo um: ‘não, hoje ta tudo calmo, sem nenhuma ocorrência. Boa noite e bom trabalho’.
Ando aprendendo diversas coisas sobre a vida e sobre mim mesma também. Que os repórteres devem andar conforme a banda dos anúncios vendidos toca. E que no começo se escreve muita matéria sobre aquela empresa que faz caridade pensando na promoção diante a sociedade. Confesso, essa semana que passou cheguei a pensar que havia feito a escolha errada sobre a profissão. Conforme se escuta pelos corredores, a culpa é sempre da redação. Cheguei a pensar que deveria ter sonhado em ser escritora. Mas o plantão ‘lindo da dinda’ acabou e até inspiração e tempo para escrever me sobra agora.
Ontem me peguei olhando mais uma vez para a seleção de fotos da faculdade. Mesmo sendo a melhor época da minha vida, os quatro anos vividos na longínqua Fredephalen, cogitei a possibilidade de que deveria ter vivido-os mais intensamente. Senti muita falta dentro de mim de tanta coisa que fazíamos. Queria vivê-los novamente. Queria acordar tarde, almoçar PL na praça preparado caprichosamente nos latões de lixo, depois dar uma sesteada e acordar a tempo de assistir Sinhá Moça. De tardinha um mate na praça ou bergamotas na calçada da baixada. Logo depois, um joguinho e polar no Fréo. Pra fechar com chave de ouro uma rodada de truco e de mímica na praça novamente, regada a Ninoff é claro. Queria poder viver naquele tempo para sempre. O povoado ficou para trás. Mas, para que nunca mais se esqueçam das ‘loucas da cidade’ penduramos agora, nas paredes que ajudamos a construir, um quadro de memórias, que só os puros de coração conseguem decifrar. Por que entre os corações que tatuarei, de vocês jamais esquecerei.
Mas, peço-lhes a permissão para agora abrir um parêntese.
(Eis que o grande dia deu-se por concretizado. O chapéu tocou o teto, o brinde tilintou e a valsa rodopiou. Graduados somos. ‘Com uma ajudinha dos nossos amigos’ entramos relis rebeldes e saímos renomados pioneiros. Não consegui emocionar-me. Estava tão absorta que nem minha trilha sonora consegui ouvir. Foi tudo tão, tão, tão surreal. Não era comigo. Mas era. E querendo ou não o dia de São Pega já estava logo ali. A segunda chegou e tudo ficou guardado na fotografia, junto com os laços invisíveis que havia. Sempre que posso agora dou uma espiadela no baú para soluçar a vida que soubemos viver.)
Mas meu primeiro dia chuvoso carazinhense chegou ao fim e não caía chuva nesse momento. O vento soprava dando boas vindas e fazendo os braços cruzarem-se desprevenidos. As ruas ouviram mais uma vez o soar do meu solado e com um graveto entre os dentes, fui recebida. ‘Feche os olhos para dormir, de um dia tão trabalhoso. Amanhã você vai trabalhar de novo’.
A menina roubou meu livro
Ninguém melhor do que nós jornalistas sabe que causo velho só serve para enrolar peixe fresco. Mas confesso que dói pensar em deletar um texto só porque ele envelheceu. Devido a isso segue abaixo um texto velho, mas que sofreu tanto com a correria do dia a dia, sendo escrito em três etapas, que merece ser publicado e socializado com os leitores deste blog.
02/08/2010 22h57min
Há dias que algo consome minha vida e pensamentos: tenho dentro de mim a angústia de ter um livro extraviado. E o problema, caro Carpinejar, não está relacionado ao descaso da pessoa, a qual foi concedido o empréstimo, em devolver a obra. O problema é que minha memória enfraqueceu-se e simplesmente não consigo me recordar para quem foi que o emprestei. O melhor livro que já li até o momento. O melhor porque não li ainda todas as obras clássicas e fantásticas que gostaria. Mas o livro mais tocante, com certeza. Enfim, estou decepcionada. Toda vez que cruzo a vitrine da loja de livros, vejo-o estendido exibindo-se, como se soubesse que eu estou a sua procura.
Pela primeira vez escrevo para o blog usando folha de papel e caneta. Parece que os áureos tempos de minhas avós voltaram à tona, quando elas escreviam, naquelas folhas amareladas, os acontecimentos que teceram o seu dia.
Se na última postagem muitas coisas haviam acontecido, nesta tantas outras se farão presentes, com desfechos, resultados e soluções. E foi por causa desta conturbação de boas novas, que muitas vezes pensei em escrever, mas o tempo conspirou contra. Um turbilhão de acontecimentos e preocupações para preencher meu tempo livre. Mas, dentre os fatos ocorridos, um assunto perseguia-me. O desaparecimento do meu livro preferido. A menina que roubava livros.
Há duas semanas iniciei o treinamento para o Censo 2010. Uma semana de lavagem cerebral sobre a tarefa de contar o país. A caminho do treinamento, remando contra o minuano que pinta nosso extremo de um gelo arrepiado, constato que não é mortal aquele que nunca emprestou um livro e não o teve de volta.
Simare me contava que, assim como eu, o melhor livro que um dia ela teve, virou saudade nas mãos de um ladrão de histórias. O livro tinha de tudo; didático, ele falava sobre diversas áreas. Até um enorme Atlas acompanhava-o, como contou-me Simare enquanto cada pedacinho de terra e água surgia na sua mente. Ela emprestou e nunca mais viu a cor dos mapas...(...)...
08/08/2010 – 23h17min
Alguns dias se passaram e ainda não consegui contar a minha história. Hoje sinto mais facilidade em por na tela do computador o que sinto. Infelizmente a tecnologia viciou minha cabeça na hora de escrever. Quando usei o papel me senti tão mal por não refletir o suficiente antes de sujar o branco da folha. Precisei acrescentar coisas, compor um início diferente, e não tinha acesso ao ‘del’ ou qualquer outra coisa que desse-me a liberdade de modificar. Mas agora volto à companhia do meu personal computer e somado ao som de coisas boas, a destreza das palavras escorrega mais fácil.
Mas eu ia dizendo, que Simare nunca recuperou sua enciclopédia, e eu já estava cansada e triste de tanto calcular na gaveta de quem meu livro poderia estar.
Hoje a vida mudou de direção. Depois de quatro anos seguindo à esquerda do trevo, sigo a direita. Meu bonde sai mais cedo e tenho cerca de quinze minutos a mais de viagem. Ainda não tenho minha cozinha para fazer terapia, mas pelo menos não estou nas estatísticas do companheiro da Silva. É, os ventos mudaram e eu virei gente. Adicionei ao itinerário da vida mais um ponto do GPS.
16/08/2010 – 21h19min
Mais dias se passaram, mais coisas aconteceram e assim mais detalhes da minha história foram se perdendo. Pela terceira vez paro para escrever no blog e realmente não posso dar-lhes a certeza que hoje conseguirei contar tudo o que pretendia. Trocando em miúdos, antes que troque o ano e eu não consiga terminar essa postagem, finalmente encontrei a menina que roubou meu livro. É uma menininha sardenta e simpática, de apelido Chuchu. Chuchu também havia esquecido-se do empréstimo e numa conversa despretensiosa de fim de tarde, regada a um mate cevado, enquanto me lamuriava pela tristeza que sentia devido a falta que aquela menina me fazia, Chuchu arregalou-se e disse: mas a menina está comigo! E de repente, não mais que de repente, do pranto fez-se riso. Ufa, meu coração pôde agora sossegar tranquilamente.
02/08/2010 22h57min
Há dias que algo consome minha vida e pensamentos: tenho dentro de mim a angústia de ter um livro extraviado. E o problema, caro Carpinejar, não está relacionado ao descaso da pessoa, a qual foi concedido o empréstimo, em devolver a obra. O problema é que minha memória enfraqueceu-se e simplesmente não consigo me recordar para quem foi que o emprestei. O melhor livro que já li até o momento. O melhor porque não li ainda todas as obras clássicas e fantásticas que gostaria. Mas o livro mais tocante, com certeza. Enfim, estou decepcionada. Toda vez que cruzo a vitrine da loja de livros, vejo-o estendido exibindo-se, como se soubesse que eu estou a sua procura.
Pela primeira vez escrevo para o blog usando folha de papel e caneta. Parece que os áureos tempos de minhas avós voltaram à tona, quando elas escreviam, naquelas folhas amareladas, os acontecimentos que teceram o seu dia.
Se na última postagem muitas coisas haviam acontecido, nesta tantas outras se farão presentes, com desfechos, resultados e soluções. E foi por causa desta conturbação de boas novas, que muitas vezes pensei em escrever, mas o tempo conspirou contra. Um turbilhão de acontecimentos e preocupações para preencher meu tempo livre. Mas, dentre os fatos ocorridos, um assunto perseguia-me. O desaparecimento do meu livro preferido. A menina que roubava livros.
Há duas semanas iniciei o treinamento para o Censo 2010. Uma semana de lavagem cerebral sobre a tarefa de contar o país. A caminho do treinamento, remando contra o minuano que pinta nosso extremo de um gelo arrepiado, constato que não é mortal aquele que nunca emprestou um livro e não o teve de volta.
Simare me contava que, assim como eu, o melhor livro que um dia ela teve, virou saudade nas mãos de um ladrão de histórias. O livro tinha de tudo; didático, ele falava sobre diversas áreas. Até um enorme Atlas acompanhava-o, como contou-me Simare enquanto cada pedacinho de terra e água surgia na sua mente. Ela emprestou e nunca mais viu a cor dos mapas...(...)...
08/08/2010 – 23h17min
Alguns dias se passaram e ainda não consegui contar a minha história. Hoje sinto mais facilidade em por na tela do computador o que sinto. Infelizmente a tecnologia viciou minha cabeça na hora de escrever. Quando usei o papel me senti tão mal por não refletir o suficiente antes de sujar o branco da folha. Precisei acrescentar coisas, compor um início diferente, e não tinha acesso ao ‘del’ ou qualquer outra coisa que desse-me a liberdade de modificar. Mas agora volto à companhia do meu personal computer e somado ao som de coisas boas, a destreza das palavras escorrega mais fácil.
Mas eu ia dizendo, que Simare nunca recuperou sua enciclopédia, e eu já estava cansada e triste de tanto calcular na gaveta de quem meu livro poderia estar.
Hoje a vida mudou de direção. Depois de quatro anos seguindo à esquerda do trevo, sigo a direita. Meu bonde sai mais cedo e tenho cerca de quinze minutos a mais de viagem. Ainda não tenho minha cozinha para fazer terapia, mas pelo menos não estou nas estatísticas do companheiro da Silva. É, os ventos mudaram e eu virei gente. Adicionei ao itinerário da vida mais um ponto do GPS.
16/08/2010 – 21h19min
Mais dias se passaram, mais coisas aconteceram e assim mais detalhes da minha história foram se perdendo. Pela terceira vez paro para escrever no blog e realmente não posso dar-lhes a certeza que hoje conseguirei contar tudo o que pretendia. Trocando em miúdos, antes que troque o ano e eu não consiga terminar essa postagem, finalmente encontrei a menina que roubou meu livro. É uma menininha sardenta e simpática, de apelido Chuchu. Chuchu também havia esquecido-se do empréstimo e numa conversa despretensiosa de fim de tarde, regada a um mate cevado, enquanto me lamuriava pela tristeza que sentia devido a falta que aquela menina me fazia, Chuchu arregalou-se e disse: mas a menina está comigo! E de repente, não mais que de repente, do pranto fez-se riso. Ufa, meu coração pôde agora sossegar tranquilamente.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Fazendo as malas
Bem amigos blogueiros, já diria Galvão. Muita, mas muita coisa aconteceu depois da última postagem. Primeiro começou com a caça às caixas de papelão, várias por sinal. Eu nunca poderei ser cigana ou fazer um retiro no Tibete, pois carrego comigo muitos pertences materiais. Discos, livros, bruxas e demais badulaques. Depois o chato ritual de encaixar, embrulhar no jornal velho, encontrar coisas perdidas debaixo da cama. É, Fredephalen Westerico sentirá saudade, e nós também. Estamos partindo, indo de volta pra casa... As caixas e tarecamas estão agora em cima do caminhão. Engatamos a primeira e pelo retrovisor a cena anda de trás para frente. Adeus rua da árvore de folhas cor de abóbora, deu pra ti cortiço, fui faculdade. Nunca mais inalarei a poesia daquelas ruas, não caminharei 30 minutos a pé para ir numa festa, não roubarei mais tijolos nem manequins da rua, muito menos sacolas com roupas para doação da lixeira da vizinha, para usar como prêmios no bingo, não haverá mais madrugadas insones onde conversávamos sobre os absurdos da igreja, almoçar às 4 da tarde, jantar arroz, feijão, massa e empanado as 5 da madrugada na volta do Pub, não ouvirei mais a flauta da menina de cabelos cor de limão, não verei mais um dos mais lindos pores do sol. Não viverei mais isso. Essas vivências ficaram para trás e a cada Km que ando, vejo-as edificando mais e mais dentro de mim. Para controlar a lamúria não penso muito nisso enquanto o caminhão se distancia. Apenas ando. Apenas sigo em frente. E cá estou, em casa novamente. Fredephalen Westerico, agora só para buscar o canudo, jogar para o alto o chapéu, brindar a espumante e depois, definitivamente, adeus. Hoje busco novos horizontes, um lugar quieto onde possa encilhar meu cavalo e uma cozinha aconchegante para me distrair... Aguardo respostas, soluções e desfechos. Talvez uma nova cidade, um emprego, mas nada certo. Apenas aguardo. Enquanto isso Dear Prudence e o barulho da chuva enchem o quarto de saudade. Os pingos perturbam a janela em uma sinfonia descoordenada, um fio de água escorre do alto do prédio e o cobertor pesado tenta me isolar do frio, mas meu cérebro vai congelando aos poucos, perdendo a criatividade de transformar em palavras um pouco da sutiliza diária. Tenho um manual para estudar, tenho saudade, tenho preguiça. Mas agora me despeço, vou ao encontro do meu manual, pois se nada der certo, viro Recenseadora!
terça-feira, 6 de julho de 2010
Pode alguém se sentir ambíguo? Pois estou me sentindo assim. Bom, a faculdade enfim acabou e por mais que eu acredite que este foi o período mais intenso da minha vida e que não existe gratificação mais reconfortante que sair do meio acadêmico, eu estou inquieta. Inquieta porque existe um monstro chamado: voltar para casa e aquela pontinha de incerteza que vezes faz bem, vezes faz mal. Parece que esta etapa da vida é como um buraco negro no espaço, é um lugar transitório, um lugar nenhum. Já falei várias vezes aqui que 'Fredephalen Westerico' deixará doces lembranças, daquelas que a gente senta desajeitado no sofá num dia de chuva e recorda de todas as coisas marcantes e que formaram a pessoa que somos. Sinto falta das pessoas frederiquenses e fico imaginando como vai ser difícil acostumar-se com essa nova realidade, onde Km e Km estarão nos separando. Mas, em contrapartida, a vida encaminha-se agora para o ápice da história, a independência verdadeira, o trabalho, como aquelas cenas de filmes onde o carinha anda solitário pela rua gelada, a caminho do trabalho, numa cidade completamente nova, cruzando com pessoas indiferentes. Quero muito que o desfecho disso tudo chegue logo, não sei se aguentarei ficar dentro deste buraco negro por muito tempo. Pois é fato, o mostro 'voltar para casa' assusta. Mas chega ser pacificador pensar que toda a rotina de estudante acabou, chega de provas, trabalhos, TCCs, noites em claro, muito café, crises de pressão alta em fins de semestre. Game Over. Agora a gente pula para a próxima fase do nosso jogo, completamente diferente, com novos prós e novos contras. A fase do emprego, da cidade nova, novas pessoas, um lar pra chamar de seu.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Aconteceu de novo. Faz alguns dias, na verdade acho que foi na semana passada. Estava eu indo para a cidade, passando pela rua da árvore folhas de abóbora, quando duas perninhas finas e um cabelo cor de limão passaram pela minha frente. Não dei muita bola, afinal era apenas uma criança, uma menina de blusa rosa e azul. O sol estava forte, um raro momento de estiagem, não recordo ao certo o horário, mas fazia calor dentro das lãs. A guriazinha atravessou a rua, carregava uma cesta nas mãos se não me engano. Lá, do outro lado da rua, caminhava apressada uma senhora baixinha, quase corcunda, vestia roupas simples, por mais aquecido que estivesse o sol dava frio só de olhar para ela. Mas enfim, a senhorinha vinha de um lado da rua, eu ia do outro lado e a menina do cabelo cor de limão atravessava a rua. De repente escuto um 'oi' simpático e cativante, ele saiu da menina em direção a senhorinha, mas a velinha não o apanhou, o 'oi' ficou quicando na calçada. A menina ficou estarrecida, olhou para a senhorinha com espanto, ergueu os braços em protesto, e olhou para mim...Foi nesse momento que me dei em conta de que a menina de cabelos cor de limão e blusa rosa e azul já havia cruzado a minha vida antes. Eu sorri, fiquei impressionada com a tristeza da guria por ter visto seu 'oi' se juntar ao pó da rua. Tentei acalmá-la, por isso sorri. Ela retribuiu e por mais louco que seja, acho que ela, assim como eu, percebeu que eu já havia cruzado na vida dela. Mesmo assim eu não tinha a certeza de que ela era aquela menina da blusa rosa e azul, então fiquei acompanhando seus passos, para ver em que casa ela iria entrar. A menina de cabelos cor de limão e blusa rosa e azul parou em frente à casa de dois andares, a mesma que há alguns dias havia timidez na janela, gritou, e em seguida uma voz surgiu dizendo que o portão estava aberto...(...)...
terça-feira, 25 de maio de 2010
Nossa Senhora Destrancadora das Teses, em ti confiamos para a proteção contra o Exu Tranca-Tese. Proteja-me de: queimação de pen drive; bibliografia em alemão; visita fora de hora; linha no Word que não sobe com o ‘del’; fotocopiadora quebrada. Dá-me:
encontros com o orientador no corredor da universidade e livro emprestado com data de devolução para 2050.
Ah, Senhora, livra-me também das perguntas indiscretas, das dúvidas fora de hora, e das certezas ídem. Ajuda-me a lembrar os nomes dos autores e da pronúncia deles, assim como do modo como se faz a notação de revistas.
Nossa Senhora, livrai-me de pensamentos acerca de minha tese durante o meu sono. Que eu possa dormir o sono dos justos, impunemente, sem que eu tenha que me levantar ou acender a luz para anotar insights invasivos que detonam minha mente quando preciso
descansar para mais um dia de batalha! Que tais pensamentos venham na hora certa, quando me sento diante do meu PC, e que eu não me torne um zumbi.
Ó Senhora, desperta no meu orientador uma enorme vontade de ler minha tese. Que ele a leia com olhos vigilantes, para não deixar passar nenhuma monstruosidade, mas também com olhos piedosos, para me ajudar a enfrentar a banca. E que a banca, Senhora, mesmo me dando os apertos que achar necessários, ao final assine a
poderosa ata, redenção final dos meus inúmeros pecados.
Eu sei que a Senhora vai me dar uma luz bem forte e lançar, como num passe de mágica, artigos que abram meu cérebro tão debilitado por tamanha pressão. Minha Santa querida, já que eu fiz esta escolha na minha vida e me sinto na obrigação de terminar, dá-me força e sabedoria pra não esganar um!
AMÉM!
encontros com o orientador no corredor da universidade e livro emprestado com data de devolução para 2050.
Ah, Senhora, livra-me também das perguntas indiscretas, das dúvidas fora de hora, e das certezas ídem. Ajuda-me a lembrar os nomes dos autores e da pronúncia deles, assim como do modo como se faz a notação de revistas.
Nossa Senhora, livrai-me de pensamentos acerca de minha tese durante o meu sono. Que eu possa dormir o sono dos justos, impunemente, sem que eu tenha que me levantar ou acender a luz para anotar insights invasivos que detonam minha mente quando preciso
descansar para mais um dia de batalha! Que tais pensamentos venham na hora certa, quando me sento diante do meu PC, e que eu não me torne um zumbi.
Ó Senhora, desperta no meu orientador uma enorme vontade de ler minha tese. Que ele a leia com olhos vigilantes, para não deixar passar nenhuma monstruosidade, mas também com olhos piedosos, para me ajudar a enfrentar a banca. E que a banca, Senhora, mesmo me dando os apertos que achar necessários, ao final assine a
poderosa ata, redenção final dos meus inúmeros pecados.
Eu sei que a Senhora vai me dar uma luz bem forte e lançar, como num passe de mágica, artigos que abram meu cérebro tão debilitado por tamanha pressão. Minha Santa querida, já que eu fiz esta escolha na minha vida e me sinto na obrigação de terminar, dá-me força e sabedoria pra não esganar um!
AMÉM!
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Uma chance de ser piegas
O inverno chegou definitivamente no meu pago e como tenho imensa adoração por essa época do ano, não posso deixar de comentar aqui. Definitivamente eu não sei explicar que tipo de sensação eu sinto quando caminho sozinha pela rua, com o vento batendo vadio no meu rosto. Talvez eu seja sentimental demais e convido a seguir-me quem também se sente nostálgico com o inverno e todos os detalhes e pieguices que ele abarca. No inverno me atenho mais as minúcias e enxergo poesia em cada coisa que vejo. Não existe descrição para a euforia que tenho quando saio de casa e sinto o cheiro forte da lenha virando cinza no fogão do vizinho. Me sinto tão livre quando o frio escorrega na pele seca do meu rosto e é tão estranho sentir-se livre, pois na verdade, somos livres, mas nessa hora é diferente. Diferente como? Não sei explicar. Porque a cor das folhas laranjas da árvore são tão lindas? Porque tenho vontade de plantar uma árvore destas no meio de casa, no meu jardim de inverno? Minhas manhãs seriam mais amistosas, se ao acordar eu admirasse as nuances das folhas queimadas! E tem mais: coisas banais, diárias, cotidianas, todas elas parecem cenas de um filme antigo. É, eu me sinto dentro de um filme as vezes durante o inverno. Hoje, indo para casa, com as mãos cansadas de carregar as sacolas, logo depois de passar pela árvore com folhas cor de abóbora, avistei uma menininha loira, timidamente apoiada no beiral da janela do andar de cima, se não me engano vestia uma blusa cor de rosa e azul. De repente percebi que ela tinha nas mãos uma flauta doce, cor de mafim. Apesar do esforço, a menininha entoava notas tortas, descompassadas, faltava-lhe o fôlego, eu acho. Não me contive e não tirei os olhos da janela, intimidando-a, ela percebeu e recuou, escondeu-se do meu olhar de inverno. Mais alguns passos a frente, a menininha da blusa rosa e azul da janela do segundo andar tentou espiar com o canto do olho, com certeza para verificar se meus olhos ainda a perseguiam. Eu já estava longe, precisava voltar a olhar para o chão, ou se não acabaria tropeçando e meu saco de bergamotas acabaria espalhado pela rua toda. Mas depois de uma esquina, sentindo o sol baixar devagarinho no horinzonte, eu ainda ouvia o som da tímida flauta.. Acaso estas experiências fossem vividas pela Adélia Prado, por exemplo, tornariam-se poemas de uma antologia famosa, e eu as leria com prazer...
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Essa vida sonora...
Sabe de uma coisa, concordo com a catequista que dizia que quem canta reza duas vezes. Mas minha convicção transcende as canções da igreja. Música eleva, pacifica, acalma. Amigas + um violão + acreditar que se canta bem = bastar-se. Você já viveu um momento tão intenso, onde você fecha os olhos e pensa: "eu não preciso de mais nada pra ser feliz, 'isso' já basta"? Ontem vivi um desses momentos. Cantar alto, desabafar, descarregar. Mágico. Música pra mim é comunhão. Uma simples canção nos deixa saudosistas, nos faz faxinar a casa toda com gosto, faz o banho no inverno não parecer tão cruel, faz o humor agitar-se dentro da gente. Ouvir, cantar, acompanhar no 'nanana', grudada no seu cérebro, preparando o churrasco de domingo, na festa, na hora certa, na errada; música pra mim é sempre uma oração. Cada momento da vida tem a sua canção especial, tem aquela que lembra do beijo, aquela que lembra a infância, a que faz soluçar, a que marcará a faculdade, a da formatura, a do casamento, a que você cantará para seus filhos...(...)...
"dizem que sou louco por cantar assim."
ps: Agora o twitter já não está tão emocionante, o Bonner parou de twitar. #snif
"dizem que sou louco por cantar assim."
ps: Agora o twitter já não está tão emocionante, o Bonner parou de twitar. #snif
terça-feira, 27 de abril de 2010
'Olha, está chovendo na roseira'. Bela canção. Quem diria, chegou o dia fatídico de produzir a chave mágica do emprego, hehe: curriculum vitae! Que assustador, definitivaente a responsabilidade apoiada em sua bengala imensa, cabelos brancos, cheiro de salsa e cebolinha nas mãos, acaba de bater na janela. A vida nova, diferente de tudo, chegou! Será fácil acostumar-se?...(...)...Ando me sentindo como uma mãe que abandou seu filho, ou como uma criança que larga a boneca de pano surrado no canto quando ganha no natal uma linda e perfeita Barbie. #drama! Pois é, rendi-me ao twitter e confesso que acabei esquecendo um pouco do blog, deixei ele de lado, mas sempre pensando se ele estaria sentido comigo, #besta. Uma vez que, lá no twitter acabo por desabafar em tempo real o que 'se pása?'. Prefiro o blog, é mais acolhedor, aquecido, e não tenho limitações com caracteres. Mas o twitter parece ter um alcance maior, mais pessoas lêem o que escrevo, eu acho. Talvez por ser uma frase apenas seja mais fácil de ser visitado. O twitter é febre e sua janela fica aberta o tempo todo para espiar as atualizações, o que dificilmente acontece com o blog. Mas o twitter tem algo que achei fantástico: esta proximidade com pessoas que a muito pareciam tão distantes. Pode até ser bobo, mas fico extasiada quando o Bonner posta, contando sobre o JN, achei o máximo mesmo, é quase um workshop...(...)...Mas a vida anda, a fila anda e vamos correr atrás das estatísticas do tio Lula. Não quero ser mais uma desempregada!...(...)...E a pergunta que não quer calar e o pessoal do bairro quer saber: 'O que o corvo e a escrivaninha tem em comum?'(Alice in the wonderland) - continua no próximo capítulo.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Dia trivial, normal. Tentei acordar cedo, abri os olhos com vontade de não tê-los aberto. Eram 13:05H. Me levantei, fritei um bife com cebola. Desci pra cidade, pagar as contas, fazer a vacina da gripe A. Na fila do banco dois caras atrás, conversando sem parar sobre as notícias que não param de sair na tv, sobre religiosidade, sobre o tão famigerado assunto da administração pública, serviços públicos X privados. Depois a vacina. A pontinha da agulha crava, sinto calor, olho pra cima e percebo o ventilador, não o tinha visto quando entrei na salinha; parecia que suas pás iam lentas, abafadas. A janela não ventilava. Um pouco de pseudo-inconsciência. Acabou, algodão, micropore. Coca zero pra subir o morro, como se mudasse alguma coisa. Segundo capítulo da novela nova. O espirro do cachorro da vizinha. Insônia. Mr. Pi...(...)...
sábado, 13 de março de 2010
Sônia, a mulher da insônia
...(...)...Enquanto isso, no porãozinho do bairro Aparecida... O relógio corre avisando que a manhã já vem chegando e é hora de pegar no sono. Pegar no sono? Dúvido!
Cara de Loco
Vera Loca
Tenho aqui comigo uma cara de loco
Rouco grito com as paredes
Vá embora volte para os livros
Deixe-me mais uma vez perder a hora
Faz, tempo que eu,
Quero acordar pela manha,
Na boca um gosto de noite feliz.
Cara de Loco
Vera Loca
Tenho aqui comigo uma cara de loco
Rouco grito com as paredes
Vá embora volte para os livros
Deixe-me mais uma vez perder a hora
Faz, tempo que eu,
Quero acordar pela manha,
Na boca um gosto de noite feliz.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
O curioso caso
Ontem assisti um filme fantástico. As vezes me apavoro como determinadas pessoas tem cada sacada da vida. "A vida não é medida em minutos, mas sim em momentos". A história de um cara que nasce velho e a cada dia que passa, rejuvenesce. Alguém com o triste destino de ver todos que ama morrerem enquanto sua vitalidade se renova. Ultimamente tenho pensado muito nisso. Mesmo odiando a sina de enterrar as pessoas vitais na minha vida, sei que não podemos escapar disto. Mas nosso protagonista também ama. Um romance entre duas pessoas completamente diferentes. Enquando um envelhece, o outro regride no tempo e nas feições. A diferença gritante que vemos todos os dias. A incompatibilidade. Duas pessoas, caminhos contrários, vontades semelhantes. Estragando um pouco a surpresa do filme, para aqueles que ainda não o assistiram; o nosso casal apaixonado, bom, de certa forma eles ficam juntos sim. Com toda dedicação ela cuida de nosso protagonista, que agora é uma criança. Mas o que mais vale nessa história é o implícito, a crônica da vida. A capacidade de entrega ao outro...(...)...
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Xuxa contra o baixo astral
Depois de um bom tempo longe do blog começo a sentir falta de colocar um pouco pra fora aquilo que sinto no momento. As férias vão normais, até demais. Alguma coisa incomoda-me. É o baixo astral destas férias que me afeta profundamente. A falta constante do que fazer, a vontade que não cessa de afundar no colchão, lendo, dormindo. Quanto mais pra baixo, mais difícil fica em sentir prazer ao olhar pela janela e ver que existe mundo lá fora. Quem diria que eu um dia preferiria a rotina exaustante de Frederico.
***
O futuro acaba de virar a esquina. Se eu for no portão consigo vê-lo voando as tranças, em cima da brisa cor-de-rosa com sextinha e garupa. E ele tem um sorriso malicioso, de quem desafia o adversário para uma partida de xadrez...(...)...
***
O que seria da existência humana se não fossem os diários problemas para aprendermos a ultrapassar?
***
A Sky do Paraguai chegou até minha casa, e aqui o que mais se assiste atualmente é o BBB. Acredito que de toda coisa tosca que se vê na TV dá pra tirar algo de útil. Com esse BBB aprendi: Todo mundo é hipócrita, agora prega-se a maior moral, dali 15 minutos, se é o mais imoral dos seres!
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O futuro acaba de virar a esquina. Se eu for no portão consigo vê-lo voando as tranças, em cima da brisa cor-de-rosa com sextinha e garupa. E ele tem um sorriso malicioso, de quem desafia o adversário para uma partida de xadrez...(...)...
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O que seria da existência humana se não fossem os diários problemas para aprendermos a ultrapassar?
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A Sky do Paraguai chegou até minha casa, e aqui o que mais se assiste atualmente é o BBB. Acredito que de toda coisa tosca que se vê na TV dá pra tirar algo de útil. Com esse BBB aprendi: Todo mundo é hipócrita, agora prega-se a maior moral, dali 15 minutos, se é o mais imoral dos seres!
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Como o primeiro beijo...
Como ganhar o presente de Natal que tanto se quis. Como um banho de chuva que lava a alma. Um alívio difícil de explicar, depois de tanta tensão. Acabou. The end. O estômago agora vive tranquilo. O esforço, o trabalho, o suor despejado em 20 folhas de papel. A conquista, a realização, a conclusão. Mais uma barreira ultrapassada. TCC I finalizado, avaliado, APROVADO!!!!!
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