11-10-10
Alguém me examine, pois acho que estou enlouquecendo. Ultimamente tenho notado coisas estranhas no meu comportamento. Como alguém que gosta de fazer prognósticos, acredito estar com alguma doença crônica. Vivo constantemente impaciente. A solidão me afeta de uma forma avassaladora. Converso demasiadamente comigo mesma, como se estivesse falando com outra pessoa. E por mais espantoso que seja, há dias atrás, chorei vendo uma matéria de esporte, e espanto, não era de superação, era sobre a tabela do campeonato.
A única companhia que tenho, ao chegar ao meu novo lar, são as visinhas e a vida delas, que são um livro aberto. Escuto tudo o que se passa através das paredes da vila do Chaves. Sou acordada constantemente com a chegada da gangue da terceira idade, durante a madrugada. Sinto-me mais idosa que elas. Estou ficando ranzinza e rabugenta.
Cada vez que giro a chave do meu calabouço é a mesma decepção, pois ninguém me aguarda lá dentro. São só eu e as paredes brancas, além das tralhas que eu tropeço volta e meia. Sou tão só como Gepeto, mas infelizmente os meus bonecos não sabem falar ainda. Já ouço vozes me chamando durante a noite.
Hoje tive uma súbita ideia. Imaginem, pensei em adotar uma criança. Um cão já resolveria meus problemas, ao menos alguém ficaria feliz em me ver chegando em casa. Entretanto, quem enlouqueceria com a solidão seria o bicho e em um dia ele já haveria comido toda a minha mobilha. Então pensei em adotar, dar um lar e carinho a alguém tão sozinho quanto eu. Alguém que também esteja em busca de companhia. Infelizmente a burocracia iria esbarrar em nós, e desta forma, tanto eu quanto a criança dos meus sonhos, continuam a encarar a casa vazia.
Hoje já possuo minha cozinha, mas não faço terapia. É tão deprimente ficar com os dedos cheirando a alho, sem poder ver alguém saborear e dizer, mesmo que apenas por educação, que sua comida ficou boa e que você já pode casar. Tenho saudade do tempo em que a solução para todos os problemas era a dupla face (piada interna). Definitivamente não nasci para ser só. Nunca fui a líder da turminha no colégio, demorei para conquistar a amizade das primeiras pessoas e aprendi a ser mais espontânea. Gosto de chamar a atenção e de estar sempre rodeada. Necessito de alguém 24h por dia, para dar conta da minha matraca. Falo alto, para uma bela gringa e preciso de ouvidos pacienciosos. Insisto diariamente, mas minhas brancas paredes não respondem.
Mas, novamente o plantão lindo da dinda chegou ao fim, assim como as mega coberturas que me fizeram esquecer o que é domingo por uns 20 dias. Hoje (11), pulo a quase um metro do chão, pois cozinharei para alguém, sairei com companhias, e amanhã dormirei até a hora que minhas vizinhas permitirem.
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