É incrível como diariamente assuntos visitam a minha mente para que eu os desseque. Hoje, enquanto tomava banho, comecei uma análise de mim mesma, e não há momento mais propício para isso como a semana que antecede o aniversário da gente: o fim e início de um ciclo. Atualmente, muito mais do que antigamente, passei a aprender a encontrar alegria em pequeníssimas coisas, como tomar banho ouvindo música. Loucura. Mas já falei aqui, em outro post, sobre o poder que as músicas têm de mudar nosso humor, da mais inebriante tristeza até a confortadora paz.
Se alguém me perguntar qual a melhor coisa do jornalismo, vou responder que somente ele me ensinou a dar valor e observar a beleza nas pequenas coisas. Pra começar, os olhos da gente se transformam em lentes, e cada olhar já procura uma moldura para pregar-se à parede. As cores fortes, as opacas, uma poça, a rua, um sorriso. Tudo se transforma em papel fotográfico. Cada rosto na rua nos desperta uma curiosidade infinda em descobrir qual história extraordinária estaria por trás daquelas rugas, daquele olhar caído. Vivências já se materializam na folha branca do caderno velho e viram crônica. O aroma do café sempre terá seu valor. Terminar o dia, a semana, o mês, o ano. O fim é sempre confortador. Entregar a matéria, o especial, encerrar a edição, acabar a transcrição. Um sábado de folga com sol, família, amores e cachorro. A maionese do domingo, ah a maionese!
Confesso que há dias venho levantando um dossiê sobre o que me traz felicidade definitivamente. E mesmo que por vezes me afundo na minha solidão e descontentamento com tantas coisas, por outras, pequenos detalhes me tocam profundamente e puxam pelos cabelos a responsável pela felicidade: eu mesma. Tem vezes que não percebo no momento, que a felicidade é um vento a soprar, desfolhando as árvores com folhas cor de abóbora. Mas, quando sinto que apenas tomar banho ouvindo música é capaz de me fazer respirar fundo, fechar os olhos e sentir uma paz, mesmo que seja do tamanho do dedo mingo da gente. Nossa! Tenho uma vontade de me esganar, por às vezes acreditar de não tive a 5ª Série forte o suficiente para encontrar alegria em mim mesma, sozinha.
E, completando o 22º ciclo de invernos, só posso fechar os olhos, assoprar as velinhas e pedir que eu possa continuar sendo capaz de me sensibilizar com as coisas simples, de me encontrar em mim mesma, de apreciar a minha companhia e de viver sempre em busca de uma plenitude que, no fundo, eu sei que não existe, mas que viver não teria nenhum sentido se a gente não acreditasse. Por mais que a gente perceba que nunca chegará lá, que o impossível é mais um antigo vício, e que a angústia perdure para sempre...
‘Deve haver alguma coisa que ainda te emocione’.
terça-feira, 31 de maio de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
‘Olha Lopes’
Desde a data fatídica de 2 de junho do longínquo 1988, me sentia um ser muito estranho, sempre distante dos padrões impostos pela sociedade, tanto de beleza quanto de comportamento: digamos que sempre fui um pouco antissocial. Porém, isso começou a mudar assim que minha vida se cruzou com o jornalismo, muito que por acaso. Sinceramente, nunca foi meu grande sonho de infância ser jornalista, até porque sempre fui muito tímida. E, digamos que caí de gaiato nesta história mais pelo empurrão de quem queria muito me elogiar e não sabia como, então falava que eu escrevia bem. Ha-ha. Só porque eu era criança e escrevia palavrinhas difíceis para as crianças da minha idade minha família achava que eu tinha potencial para ser repórter um dia. Na verdade atribuo isso a ninguém além de minhas duas avós, professoras, e que inseriram um vocabulário um pouquinho mais rebuscado que os demais, aos almoços e reuniões familiares.
E assim, jornalismo passou a ser um ‘sonho’. E eu deixava ele lá nos sonhos, pois era mesmo impossível de ser realizado. Até que o Cesnors entrou na minha vida, com esse nome estranho mudou tudo de lugar, inclusive eu. Uma universidade pública, a 70 Km de casa, e com o curso de Jornalismo. Fudeu! Virei Bixo! Em um dos primeiros dias de aula, uma professora inicia uma conversa, pedindo para que cada um falasse de onde vinha e qual o objetivo com o curso. Pensei rápido, pois eu só sabia de certeza da onde eu tinha vindo: ‘da terra do Carijo da Canção Gaúcha, Tche! Ah, e meu objetivo com o Jornalismo é ser um dia a garota do tempo’. ‘É, geralmente para ser a moça do tempo eles exigem uma aparência’, foi a resposta da querida professora. Olha, não quero refletir sobre o que ela quis dizer com isso.
Ok! Estava inserida no habitat dos jornaleiros. Mas, como eu estava falando, sempre me senti estranha, até entrar neste mundo. Hoje, escrevo para iniciar uma seção de análise imaginária, não para mim, e sim para as pessoas que me cercam, pois preciso entendê-las. É questão de honra! E hoje, caros leitores, descobri que sou completamente normal; que tenho sim os sentimentos à flor da pele, mas consigo controlar ao menos os ruins e malévolos, ou deixá-los soltos, mas na minha cabeça; que levo uma vidinha infame, acordando toda manhã e dormindo à noite. Talvez a vida de vocês seja assim também, normalzinha. Ou, talvez vocês digam: ‘nossa, não sou normal, tenho tantos problemas’. Mas, meus amigos, vocês não conhecem pessoas anormais...
Ainda na faculdade, encontrei pessoas que sabiam menos ainda o que estavam fazendo ali, ao menos deve ser o que passava na cabeça de alguém que, em uma prova de gramática pergunta ao professor se a palavra ‘mesmas’ existe. Garota, este não é o seu lugar! Tinha também os lunáticos, de olhos arregalados, que vigiavam as palavras de todo mundo, e se um riso largo viesse do fundo da sala, eles olhavam com olhos de repressão, como se estivéssemos gargalhando deles. Em seguida comecei a perceber o quão normal eu era. Tranquilinha, ali no meu canto, sem grandes erupções de personalidade.
Talvez eu esteja rotulando os jornalistas, por acreditar que foi mergulhada neste contexto que encontrei a anormalidade do ser humano. Ou talvez, até a faculdade, eu era pequena demais, assim como as pessoas que me rodeavam, para eclodir um lado B latente. Das duas, uma.
Pulando a faculdade, hoje, inserida no cruel habitat da vida Real, com letras maiúsculas, sou jornalista atuante, uma vez que ser jornalista formada não vale muita coisa. Nunca vivi tão tranquila comigo mesma, porque a convivência diária com pessoas muito estranhas me fez perceber que sou uma água com açúcar.
Convido vocês a serem meus analistas, então, eu os chamarei de Lopes, para imitar a Mercedes:
Olha Lopes, minha vida é corrida, mas a rima perfeita é: fudida. O que eu tenho? Não, nada, eu sou normal. Vim aqui, Lopes, porque preciso entender o que acontece com as pessoas que eu convivo. E porque eu preciso entendê-los? Pô, porque eles estão acabando com a minha vidinha normal. Afetam-me diretamente, irradiando tudo de mais pior que há neles para mim. Preciso de um guarda-chuva, Lopes, algo que me proteja de tudo isso. Até a próxima seção...
E assim, jornalismo passou a ser um ‘sonho’. E eu deixava ele lá nos sonhos, pois era mesmo impossível de ser realizado. Até que o Cesnors entrou na minha vida, com esse nome estranho mudou tudo de lugar, inclusive eu. Uma universidade pública, a 70 Km de casa, e com o curso de Jornalismo. Fudeu! Virei Bixo! Em um dos primeiros dias de aula, uma professora inicia uma conversa, pedindo para que cada um falasse de onde vinha e qual o objetivo com o curso. Pensei rápido, pois eu só sabia de certeza da onde eu tinha vindo: ‘da terra do Carijo da Canção Gaúcha, Tche! Ah, e meu objetivo com o Jornalismo é ser um dia a garota do tempo’. ‘É, geralmente para ser a moça do tempo eles exigem uma aparência’, foi a resposta da querida professora. Olha, não quero refletir sobre o que ela quis dizer com isso.
Ok! Estava inserida no habitat dos jornaleiros. Mas, como eu estava falando, sempre me senti estranha, até entrar neste mundo. Hoje, escrevo para iniciar uma seção de análise imaginária, não para mim, e sim para as pessoas que me cercam, pois preciso entendê-las. É questão de honra! E hoje, caros leitores, descobri que sou completamente normal; que tenho sim os sentimentos à flor da pele, mas consigo controlar ao menos os ruins e malévolos, ou deixá-los soltos, mas na minha cabeça; que levo uma vidinha infame, acordando toda manhã e dormindo à noite. Talvez a vida de vocês seja assim também, normalzinha. Ou, talvez vocês digam: ‘nossa, não sou normal, tenho tantos problemas’. Mas, meus amigos, vocês não conhecem pessoas anormais...
Ainda na faculdade, encontrei pessoas que sabiam menos ainda o que estavam fazendo ali, ao menos deve ser o que passava na cabeça de alguém que, em uma prova de gramática pergunta ao professor se a palavra ‘mesmas’ existe. Garota, este não é o seu lugar! Tinha também os lunáticos, de olhos arregalados, que vigiavam as palavras de todo mundo, e se um riso largo viesse do fundo da sala, eles olhavam com olhos de repressão, como se estivéssemos gargalhando deles. Em seguida comecei a perceber o quão normal eu era. Tranquilinha, ali no meu canto, sem grandes erupções de personalidade.
Talvez eu esteja rotulando os jornalistas, por acreditar que foi mergulhada neste contexto que encontrei a anormalidade do ser humano. Ou talvez, até a faculdade, eu era pequena demais, assim como as pessoas que me rodeavam, para eclodir um lado B latente. Das duas, uma.
Pulando a faculdade, hoje, inserida no cruel habitat da vida Real, com letras maiúsculas, sou jornalista atuante, uma vez que ser jornalista formada não vale muita coisa. Nunca vivi tão tranquila comigo mesma, porque a convivência diária com pessoas muito estranhas me fez perceber que sou uma água com açúcar.
Convido vocês a serem meus analistas, então, eu os chamarei de Lopes, para imitar a Mercedes:
Olha Lopes, minha vida é corrida, mas a rima perfeita é: fudida. O que eu tenho? Não, nada, eu sou normal. Vim aqui, Lopes, porque preciso entender o que acontece com as pessoas que eu convivo. E porque eu preciso entendê-los? Pô, porque eles estão acabando com a minha vidinha normal. Afetam-me diretamente, irradiando tudo de mais pior que há neles para mim. Preciso de um guarda-chuva, Lopes, algo que me proteja de tudo isso. Até a próxima seção...
terça-feira, 17 de maio de 2011
Eu quero ver o oco
De tanto não saber, já não sei nem como iniciar este post. É tão mais fácil poder tocar nos sentimentos, saber o que os provocou, torcê-los como uma roupa molhada, espremendo, vendo-os ir pelo ralo. O problema é justamente não saber, não decifrar. Já diria Zé Ramalho ‘ninguém tem o mapa da alma da mulher’. Tem algo rolando aqui dentro, é uma bola de gude, daquelas verdes, que faz barulho quando bate no oco que sou eu. É um não saber tão angustiante que não se sabe onde se agarrar, qual bula terá a solução. Como estava falando, não estou triste, não mais como andava nos últimos dias, já não choro mais e já me alimento normalmente. Também não estou estressada, não me preocupo com nada mais, ou melhor, me preocupo com algumas coisas. Mas não permito mais que estas coisas prejudiquem a minha saúde. Sinto um vazio, como uma folha em branco, como a TV que saiu do ar, como um carro que não quer pegar. Pô! Não sei explicar. Uma angústia que vem de repente, sem motivo aparente. Um nada.
*texto escrito há alguns dias
*texto escrito há alguns dias
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Tormento
Desde pequena ouço do meu sábio avô a expressão ‘tormento’, que ele usa para nomear as netas de maneira carinhosa. Porém, o que me faz vir aqui, agora, ainda com a toalha enrolada à cabeça nos úmidos cabelos é o conceito antônimo a esse, usado pelo meu avô.
Existe um tipo de tormento que instiga todo mundo, ou pelo menos, assim eu acredito, pois se não for desta maneira que acontece, preciso ir a um analista imediatamente. Diariamente, passamos e sentimos vários tormentos. E o que torna difícil de tocá-los e curá-los é que na maioria das vezes nem sabemos por que nascem, atormentam e fenecem, assim, de repente.
Angústias e anseios que rebentam e, automaticamente, buscam desenfreadamente uma válvula de escape, uma forma de desafogar. Mesmo que seja comer desesperadamente, dançar na solidão da casa enlouquecidamente ou gritar freneticamente. É imprescindível cuspir, exorcizar, e não amordaçar. E, como se não tivesse acontecido nada, o tormento foge, evapora, se apaga e, só de depor aqui, já nem lembro mais qual o tormento pesado que me fez sair do banho quente rapidamente para escrever. Pronto, era isso. Tormento acabou de bater a porta daqui de casa e ir embora. Vou secar os cabelos...(...)...
Existe um tipo de tormento que instiga todo mundo, ou pelo menos, assim eu acredito, pois se não for desta maneira que acontece, preciso ir a um analista imediatamente. Diariamente, passamos e sentimos vários tormentos. E o que torna difícil de tocá-los e curá-los é que na maioria das vezes nem sabemos por que nascem, atormentam e fenecem, assim, de repente.
Angústias e anseios que rebentam e, automaticamente, buscam desenfreadamente uma válvula de escape, uma forma de desafogar. Mesmo que seja comer desesperadamente, dançar na solidão da casa enlouquecidamente ou gritar freneticamente. É imprescindível cuspir, exorcizar, e não amordaçar. E, como se não tivesse acontecido nada, o tormento foge, evapora, se apaga e, só de depor aqui, já nem lembro mais qual o tormento pesado que me fez sair do banho quente rapidamente para escrever. Pronto, era isso. Tormento acabou de bater a porta daqui de casa e ir embora. Vou secar os cabelos...(...)...
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