Segunda-feira. Uma noite
quente de um verão que anuncia seu final. Procuro dentro de casa pequenos
detalhes para me ater, me ocupar. Olho pra minha estante cheia de livros, mil
folhas amareladas que contam histórias de amizade eterna, amor incondicional,
aventuras, guerras, vidas. Escolho alguns, apenas para passar os olhos,
folhear, esperando as horas passarem até o sono chegar. Abro um, em especial, e
vejo que nas ultimas páginas esqueci uma rosa, que hoje está apodrecida,
fazendo as folhas mancharem. Rosa de uma época passada, de um passado distante.
Viro o livro, analiso sua capa, a primeira folha, uma dedicatória apaixonada,
uma data. Há aproximadamente cinco anos ganhei este livro, que conta uma
história incrível de amizade, caráter, amor. Procuro frases, trechos, e
encontro este, emocionante, escrito na última página.
‘- Por você, faria isso mil
vezes! – me ouvi dizendo.
Virei, então, e saí
correndo.
Tinha sido apenas um
sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só
um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o
movimento de um pássaro que alça voo.
Mas me agarrei àquilo. Com
os braços bem abertos. Porque, chega a primavera, a neve vai derretendo floco a
floco, e talvez eu tivesse simplesmente testemunhado o primeiro floco que se
derretia.
Saí correndo. Um adulto
correndo em meio a um enxame de crianças que gritavam. Mas nem me importei. Saí
correndo, com o vento batendo no rosto e um sorriso tão grande quanto o vale do
Panjsher nos lábios.
Saí correndo.’
Que ironia. Agora, toca no
rádio uma canção antiga, que antes não fazia sentido algum, mas agora consegue
dizer tudo... ‘Vai ter medo de que um dia ela vá mudar...’
Pra finalizar, ando meio
sem inspiração, mas como me disse uma pessoa esses dias, nossas perspectivas
somos nós mesmos que criamos. Vou tentar mudar, apensar de que, desde que eu
tinha uns 15 anos, sei que a essência sempre vai permanecer. Vou assim,
rasgando as páginas dos meus livros favoritos, dobrando-as em barquinhos, que
me levem a algum lugar bacana... Vou sair correndo, como Amir, me agarrar no
sorriso minúsculo, que mesmo que não represente nada, é apenas o primeiro, de
vários flocos que derreterão quando a primavera chegar.
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