terça-feira, 13 de março de 2012

A caçadora de pipas

Segunda-feira. Uma noite quente de um verão que anuncia seu final. Procuro dentro de casa pequenos detalhes para me ater, me ocupar. Olho pra minha estante cheia de livros, mil folhas amareladas que contam histórias de amizade eterna, amor incondicional, aventuras, guerras, vidas. Escolho alguns, apenas para passar os olhos, folhear, esperando as horas passarem até o sono chegar. Abro um, em especial, e vejo que nas ultimas páginas esqueci uma rosa, que hoje está apodrecida, fazendo as folhas mancharem. Rosa de uma época passada, de um passado distante. Viro o livro, analiso sua capa, a primeira folha, uma dedicatória apaixonada, uma data. Há aproximadamente cinco anos ganhei este livro, que conta uma história incrível de amizade, caráter, amor. Procuro frases, trechos, e encontro este, emocionante, escrito na última página.

‘- Por você, faria isso mil vezes! – me ouvi dizendo.
Virei, então, e saí correndo.
Tinha sido apenas um sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça voo.
Mas me agarrei àquilo. Com os braços bem abertos. Porque, chega a primavera, a neve vai derretendo floco a floco, e talvez eu tivesse simplesmente testemunhado o primeiro floco que se derretia.
Saí correndo. Um adulto correndo em meio a um enxame de crianças que gritavam. Mas nem me importei. Saí correndo, com o vento batendo no rosto e um sorriso tão grande quanto o vale do Panjsher nos lábios.
Saí correndo.’

Que ironia. Agora, toca no rádio uma canção antiga, que antes não fazia sentido algum, mas agora consegue dizer tudo... ‘Vai ter medo de que um dia ela vá mudar...’
Pra finalizar, ando meio sem inspiração, mas como me disse uma pessoa esses dias, nossas perspectivas somos nós mesmos que criamos. Vou tentar mudar, apensar de que, desde que eu tinha uns 15 anos, sei que a essência sempre vai permanecer. Vou assim, rasgando as páginas dos meus livros favoritos, dobrando-as em barquinhos, que me levem a algum lugar bacana... Vou sair correndo, como Amir, me agarrar no sorriso minúsculo, que mesmo que não represente nada, é apenas o primeiro, de vários flocos que derreterão quando a primavera chegar. 

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