sábado, 6 de agosto de 2011

Um calmante, por favor!

Já faz um ano que ando pelas ruas carazinhenses abaixo de chuva. Lembro como se fosse hoje o dia que tive que enfrentar as ruas de pedras irregulares nos fins de noite, onde era só eu e o vento. Mas, prometi para mim mesma que não passaria de um ano, e eis que chegou a hora de mudar novamente. Para quem não entende, geminianos se cansam rápido demais de tudo. É muito penoso conviver com um de nós: as pessoas precisam nos surpreender a cada dia, pois se não, fechamos o livro, damos as costas e olhamos o horizonte. Me cansa olhar para estas paredes todos os dias, e não vejo nenhum balde de tinta vermelha para que eu possa pintá-las sem precisar trocar de lugar. Eu sei que sou difícil, mas sou exigente comigo, com a vida e com os outros. E chegou a hora de querer mais, de oferecer novos ângulos às retinas. Prometi para mim mesma durante a faculdade que quando saísse dali nunca mais faria alguma atividade que me deixasse tão apática e amuada como as vésperas de fins de semestres. Mas, a vida sorriu para mim, zombeteiramente. Não foi isso que quis, definitivamente. E sei que ninguém me entende. Para os outros estou em um momento cômodo, eles não conseguem ver que eu preciso de um calmante, urgente. Se o problema sou eu, vou descobrir assim que arrumar um novo emprego e novos ares e as coisas permanecerem exatamente iguais. Meu estado emocional pede socorro e fui capaz de encontrar auxílio em uma cartelinha prateada com vários pontinhos coloridos. Nem passar na carteira de motorista eu consigo. – Eu sei que você sabe dirigir, mas você ficou muito nervosa. Se não fosse por isso você passava. – Mas moço, eu não sei mais o que fazer! Eu preciso de paz. Preciso ter outras perspectivas para os meus dias além de chegar em casa e apenas morrer na cama, vendo a louça e as roupas sujas acumulando. Eu quero um hobby! Não como o da Carla Perez, mas algo que me faça existir: um time de bolita, aulas de gaita de boca, uma simples corrida no fim de tarde, fazer meus artesanatos, ler. Nossa, há meses Fernando Moraes permanece ao lado da minha cama sem receber uma atenção. O mais importante é ir em busca e nunca desistir daquilo que quero alcançar, pois não quero ser uma pessoa frustrada e chegar na velhice pensando na porção de coisas que não fiz por medo de arriscar: a minha viagem de trem, as milhares de fotos que quero tirar, os novos amigos que quero conquistar, o retorno aos braços de quem me acalma, as línguas que quero falar, os cachorros que quero ter, os livros que quero comprar, os discos que quero ouvir, as cervejas que quero beber, as aulas de historia que quero ter, a Rural que quero dirigir, o por do sol que quero assistir. E é por isso que hoje abro a temporada de caça, a melhores perspectivas, qualidade de vida e paz. Nem que eu comece reformando aquele balcão com jornais que há meses tenho vontade...

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