domingo, 23 de janeiro de 2011

Brain Storm

Está é a quarta vez que inicio o texto desta postagem. Hoje não é um bom dia para o ‘toró de ideias’, mas sinto uma vontade imensa de me expressar. Gostaria que alguém me ouvisse. Então se eu gritar, me de um colo e me faça dormir. Quero sossego.
Atualmente minha vida anda sem muitas emoções, como uma cena congelada em preto e branco. Os dias passam e a vida viaja no piloto automático. Não temos curvas no caminho, é apenas uma estrada reta, deserta e quente. E dizem ainda que ela será muito longa.
Durante esta vida já fui vários personagens. Já atuei em vários palcos. No início era cinza, falava pouco, ouvia atrás das portas. Era inverno, frio e chuvoso. Nessa época eu era poeta e via desenhos na tinta descascada da parede de madeira. As vozes em todas as bonecas eram as mesmas – a minha. Mas, o sol foi timidamente entrando pelas frestas da casa e aos poucos outras vozes preencheram o espaço inerte.
Foi então que veio a estação dos lírios, com temperaturas amenas e dias salutares. Existia receio, pois os ventos mudaram bruscamente e eu não tinha um porão para proteção. Em uma tarde branda, embaixo de uma bergamoteira, peguei no sono e de repente comecei a sonhar...(...)... Era óbvio que era perfeito demais. As fotos coloridas desbotam com o tempo, todo bom observador sabe disto. Mas como eu sempre estava aérea demais para perceber, só fui compreender a efemeridade quando uma bergamota podre caiu na minha cara e eu acordei.
Porém, o verão anunciou sua chegada, e ele conseguiu maquiar o roxo no meu rosto. O calor trouxe consigo o ápice da juventude. Introspectiva ainda, mas aos poucos a palavra cativava timidamente.
Hoje é outono, apesar de não parecer ser. O verão partiu e a estrada acabou. Infelizmente com o passar das luas as pessoas mudam muito. Eu também mudei. O filme está sem cor. Em contrapartida, agora as consoantes perambulam, rebatem nas paredes e ecoam. O meu grito rola estridente pelas pedras da calçada. A bergamoteira está desfolhada e eu infeliz. Sentada embaixo dos galhos secos eu espero pela estação das flores...(...)...

'Moça, Olha só, o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
Que a estrada vai além do que se vê

Sei, que a tua solidão me dói
E que é difícil ser feliz
Mais do que somos todos nós
Você supõe o céu...

Põe mais um na mesa de jantar
Porque hoje eu vou "praí" te ver
E tira o som dessa TV
Pra gente conversar...
E avisa que eu só vou chegar
No último vagão

É bom te ver sorrir
Deixa eu ver à moça
Que eu também vou atrás
E a banda diz: - assim é que se faz.

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