quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O que desejo para você...

Eu sei que já passou a data, mas tava sem tempo de passar a limpo este texto que escrevi a próprio punho esses dias. Mas agora vai: Dizem por aí que é Natal, e por isso venho aqui mostrar o que desejo para as pessoas que amo, prezo e gosto: Somente felicidade. Vida sem felicidade não tem cor, não tem brilho e nem sabor agridoce. É possível ser pobre e feliz, doente e feliz, confuso e feliz. Mas, sozinho e feliz - não!
Não venham me dizer que é preciso encontrar a felicidade em nós mesmos, é tudo mentira. Acho que já escrevi algo assim aqui no blog. Mas, hoje, tenho a plena convicção de que não se pode ser feliz sozinho. Não desejarei que você ganhe na Mega da Virada, nem que você nunca precise de remédios, nem que tenha tamanha paz que consiga pensar o tempo todo em apenas uma folha de ofício em branco. Isso é utópico demais.
Quero apenas que vocês sejam felizes, e para tanto não se faz necessário nenhuma destas coisas que citei logo acima. Já fui feliz um dia e vou explicar como é: Como eu disse, é impossível ser feliz sozinho. É preciso ter alguém que te faça dar risadas, acordando a casa toda. É necessário ter a companhia de um sujeito que eleve a sua auto-estima, que não se importe em mentir para te animar um pouquinho. É fundamental ter uma pessoa que lhe sirva de porto seguro, pois um dia você vai precisar de um colo e de ouvidos ou, simplesmente, de olhos. É imprescindível saber que, no peito desta pessoa há uma 'partileira' só para o seu nome repousar.
Você já conheceu alguém assim? Seja sincero. Um irmão, amor, pai, amigo, mãe? Eu já e me sentia plena, completa, fechava os olhos e dizia que podia morrer neste segundo, pois morreria feliz. Então, desejo tudo isso para você. Nada além. É o que eu posso fazer nesta data, nesta época, pensar em algo que realmente valha a pena desejar, de coração aberto. Você vai entender o dia que sentir...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Fazia calor, e ele sorria

Sábado, como há muito tempo não fazia, coloquei meus óculos grossos, sentei no sofá, e abri o jornal. Eis que entre matérias como o alto custo da produção agrícola no país e a iminência de uma crise econômica mundial, encontro um texto do jornalista David Coimbra. Aposto que não foi por acaso que meus olhos passaram pelo texto e se interessaram em lê-lo. Segue abaixo a crônica:

Fazia calor, e ele sorria


Era uma dessas tardes de canícula que faziam pensar sobre os milênios que o ser humano atravessou sem ar-condicionado. Como conseguimos? Como chegamos até aqui?
Havia deixado o carro num estacionamento, já ia alcançando a calçada, quando o vi. Estava dentro da guarita da portaria, uma dessas casinholas onde mal cabe uma pessoa. Era um homem de pele negra luzidia, de certa idade, imaginei que tivesse filhos e netos. Suava às catadupas dentro do uniforme. Só de vê-lo fiquei com calor. Estiquei o pescoço e brinquei, meio em solidariedade, meio para lhe aliviar o sofrimento:
– Vida dura...
Ele abriu um sorriso.
– Nem tanto – respondeu com animação surpreendente para aquele dia pastoso. – Pior seria se não tivesse trabalho. Além disso, economizo com sauna!
E atirou de dentro do seu esconderijo uma risada de satisfação com a própria piada.
Despedi-me dele sentindo-me bem. Ali estava um homem que sabia viver. Fosse outro, passaria se queixando do emprego inferior à sua dignidade, do salário inferior ao seu merecimento, do chefe que o colocara ali por perseguição, do governo que não o amparava por incompetência.
Na verdade, pouco interessa a condição em que alguém se encontra. Se o ambiente é desta ou daquela forma. É difícil encontrar duas pessoas que, estando na mesma situação, vivam no mesmo mundo. O interior é que vai fazer com que o exterior seja positivo ou negativo.
Você pode constatar isso todos os dias. Em tudo e em todos há coisas boas e ruins. Você é quem escolhe o que vai pegar para você. E a sua escolha depende do que você é. Pessoas boas enxergam o lado bom das outras pessoas e alegram-se com isso e tornam a convivência leve. Mas há quem só veja os defeitos dos outros e assim os defeitos se aprofundam, tornam-se mais graves e mais feios, e a convivência fica pedregosa. Ou seja: a responsabilidade não é de quem é julgado, é de quem julga. As coisas não são bonitas à sua volta? Olhe para dentro. Talvez lá é que elas sejam feias.

Como o brasileiro vê o Brasil e os governantes do Brasil?
Parece que houve gente enriquecendo com as privatizações do governo tucano, leio isso na Carta Capital. Parece que nunca houve tanta corrupção como a que grassa no governo petista, leio isso na Veja. A impressão é de que o Brasil afunda num mar de lama, para repetir a expressão de Vargas.
Mas não é bem assim. O Brasil melhorou de Itamar Franco para cá. São 18 anos de estabilidade econômica e política, o que resta provado até pela quantidade e pela profundidade das denúncias de corrupção, que antes havia, mas não aparecia.
Então, por que o brasileiro não se comporta mais como aquele homem cordial e fagueiro de tempos muito piores, como, por exemplo, os tempos do mar de lama de Vargas? Por que o brasileiro não percebe que o Brasil evoluiu? Será que o brasileiro “piorou”? Ou será que há mais homens como o vigia do estacionamento, suando em silêncio, mas contentes com a vida?

* Texto publicado na Zero Hora, 16/12/2011

Me surpreendi com a leitura, eu que reclamo tanto da vida, das situações impostas, do calor, do frio, e o sujeito me diz que pior seria se não tivesse emprego. Creio que este seja o grande defeito da humanidade: reclamar. Reclama-se no twitter, reclama-se no facebook. Nunca fui uma pessoa otimista, desde a escola, sempre esperava o pior resultado nas provas, pois se fosse mal realmente, não me surpreenderia. E assim é com as coisas da vida. Senti como se tomasse um murro no meio da cara, como se David Coimbra estivesse escrevendo para mim e dizendo: Acorda Priscila, você não vai sair para brincar? Venha brindar um novo dia. O sol nasceu, o céu está azul. É tudo lindo como você. Pois é, não quero dizer que acordei achando tudo perfeito, mas, após este texto, garanto que estou refletindo melhor sobre meus próprios conceitos.