Às exatas 18h18 da última terça-feira, 21 de Setembro a Primavera deu o ar de sua graça. Mas ela chegou timidamente, aos poucos, como um guaipéca de cabeça baixa implorando por comida. As flores acanhadas vagarosamente foram desenvolvendo as rinites alérgicas, espirros, coçeiras. Mas o solzinho, o tempo agradável, esse eu não vi. A Primavera iniciou com chuva, tempo carrancudo, mal humorado. Mal humorado? Bom, existem pessoas, talvez até a maioria delas que mudam de humor conforme o tempo. Em dia de sol estão contentes, em dia de chuva, tristonhas. Mas isso não acontece comigo. Possuo um apreço por esses dias nebulosos e tristes que as vezes não consigo entender. Gosto da paisagem tétrica logo depois que a chuva se vai; gosto do vento que adivinha o temporal que se aproxima; gosto do dia nublado, das árvores despidas de folhas; o som dos calçados pisando nas poças; a meia que fica encharcada. É tão depressivo e isso me atrai. Sei lá, mas acho muito mais fotográfico o dia chuvoso do que o dia de sol, com as crianças brincando na piscina, sorvetes, sol a pino. Sinto sensações estranhas em dias nublados, são sentimentos, arrisco falar até em paz de espírito...(...)... Segundo as previsões a Primavera tardará em mostrar-se altiva e calorosa, muita água vai rolar. Mas disso tudo só detesto uma coisa: Raios! Pareço um cachorrinho que se esconde debaixo das cobertas amedrontado...
sábado, 26 de setembro de 2009
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Quente e letrista...
A arte da escrita é profunda e vem de dentro, são sentimentos e concepções trazidas à folha de papel. Gosto da escrita, é um caminho para o desabafo, uma conversa no divã. Colocar para fora as aflições e experiências. Mas esse gosto pela escrita me surgiu muito tarde. Quando pequena eu era aquela criança que retirava o livro da biblioteca e ele ficava lá, trancado na gaveta. Odiava ler, pegava um livro da Bruxa Onilda, lia a primeira frase e me sentia tão cansada! Hehehe, cansada eu, uma criança! Somente tempos depois que foi surgindo a vontade de ler, porque tudo começa pela leitura. Comecei a devorar os livros da Seleções Reader's Digest, vejam só. E percebi na leitura um lugar em que eu podia ser outra pessoa, viajar pelos desertos, envolver-me em assassinatos ou até em romances bem melosos. Era meu refúgio. E hoje em dia cá estou, fazendo Jornalismo, mais por um empurrãozinho de uma pessoa que sempre me incentivou, que lia meus poemas e crônicas da pré-adolescência e dizia: "Pri, tu escreve muito bem, faz Jornalismo!" Eu nunca concordei. Mas estou aqui. E hoje sou completamente apaixonada pelo que faço, e digo é a melhor profissão que existe. Hoje eu sei que estou no lugar certo!
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Saudade Fininha
As pessoas queridas, porque insistem em ficar longe. O ser humano é feito de algum tipo de mecanismo que apita toda vez que algo está faltando, que um pedaço se perdeu. Parece que as coisas fogem do curso normal quando algo nos falta. E isso acontece tão automaticamente, como se não tivéssemos sugado daquela pessoa tudo de bom que ela pudesse doar. A velha frase, só se percebe o verdadeiro valor de algo ou alguém quando o perdemos. Mas não é necessariamente o valor que não enxergamos quando estamos perto. Porque sinto saudades de quem amo logo que entro no carro a caminho da rodoviária? Será que não o valorizei o bastante? Claro que não é isso! Um dia gostaria entender o porque disso. Não é a toa que somente na língua portuguesa existe a palavra saudade. E é uma saudade de tudo o que passou, do segundo que acabou de fazer o ponteiro declinar mais abaixo. Como pode? Da lancheira com sanduiche e leite com nescau; do ardor do mertiolate no joelho ralado; do cheiro do fim de tarde; da chuva que cai molhando os que saem do trabalho; risadas múltiplas e sem ter um porque; do suflê de chuchu da vó; da mãe gritando "volta pra dentro, tá tarde"; do primeiro olhar trocado; do cheiro do namorado... Neste momento nem namorado, nem mãe, nem gritos de irmãs loucas. Somente a saudade. Mas do outro lado estão do meu lado a família que eu escolhi, amigos que marcaram com vodka barata e baralho surrado uma parte de mim. Tu vê né , uma hora é a saudade de uns, noutra de outros. Nunca estamos acompanhados de todos aqueles que a bainha da vida andou arrastando por aí. Tem gente que diz que é só mesmo em velório pra juntar todo mundo. Bom, talvez seja. Dói saber que a cada passo que dou tenho que deixar pra trás pedaços de mim... "Quando estou contigo estou em paz"
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